Tratamento da disfunção erétil… Talvez esse seja o texto mais esperado. Contudo devo informar que ele não falará sobre nenhuma fórmula mágica para ter boas ereções. Assim, é provável que te desapontarei. Também não indicará uma nova medicação milagrosa. Enfim, como quase tudo na vida, para se obter resultado temos que nos esforçar. Discorrerei sobre o que é importante e que tem respaldo científico para tratar a impotência sexual.
Antes de tudo, gostaria de ressaltar que salvo algumas exceções: disfunção erétil psicogênica, após trauma pélvico/perineal e por causa hormonal – a impotência sexual tem tratamento, mas não cura, de tal sorte que o diálogo entre médico, paciente e parceiro(a) é essencial.
É importante envolvimento da parceira(o) no tratamento da disfunção erétil?
Certamente. A parceira ou parceiro, muitas vezes, passa a se responsabilizar pela falta de ereção. Então ela(e) perde a autoestima, por imaginar que o paciente já não se sente mais atraído. Outras vezes, desconfia de que ele mantém outro relacionamento e, por isso, não consegue satisfazê-la(o) como antes. Inegavelmente, algumas(uns) passam a investigar a vida dos pacientes, inconformadas(os) porque eles evitam o sexo.

Ademais, diversas pesquisas apontam que, diante da falha de ereção do homem, a(o) parceira(o) tem papel diferencial. Assim, aquela(e) que admite que ele pode estar vivenciando um problema de saúde e o incentiva a buscar tratamento torna-se uma(um) aliada(o). Contudo, aquela(e) que minimiza, se indispõe ou fica indiferente, contribui para a manutenção ou o agravamento da disfunção erétil.
Tratamento Não medicamentoso
Mudança de Estido de Vida
De acordo com o que discorri anteriormente, é interessante pensar que o início do tratamento seja a mudança no estilo de vida e o controle dos fatores de risco. Assim sendo, iniciar atividade física regular, abandonar tabagismo e outras drogas e reeducação alimentar são centrais. Com toda certeza, controlar as doenças existentes e trocar medicações que por acaso contribuam para a impotência sexual também é interessante.
Entretanto, quantas vezes você já ouviu falar nisso? De fato é necessária uma mudança de hábitos, assim como assumir as consequências do que optamos por fazer hoje. A seleção de uma boa alimentação e o desenvolvimento de hábitos saudáveis é, decerto, uma responsabilidade pessoal. Em síntese, dar prioridade a diminuir o açúcar refinado, farinhas brancas, gorduras de carnes gordas, manteiga, leites gordos, e as gorduras trans pode ser um primeiro passo. Ao mesmo tempo, parar o uso de tabaco e iniciar atividades físicas surpreendentemente irá ajudar.

Terapia Sexual
Em virtude de o fator psicogênico ser importante, e em maior ou menor grau, estar presente em praticamente todos os pacientes, mas, sobretudo nos jovens, ressalto a importância de se realizar terapia sexual. Ela, muitas vezes, é o único tratamento necessário e outras vezes pode ser uma aliada junto a medicações.
São objetivos, a saber, da terapia sexual para disfunção erétil:
- Identificar e trabalhar as resistências à intervenção médica que resulta em abandono do tratamento;
- Reduzir a ansiedade de desempenho;
- Entender o contexto em que o paciente faz sexo;
- Promover psicoeducação e adequação do “roteiro sexual” do paciente.

A eficácia da terapia depende de focar no prazer, reduzir a ansiedade, diminuir a ênfase no ato sexual e promover consciência das sensações sexuais. Podem otimizar os resultados: vínculo terapêutico e motivação/suporte da(o) parceira(o), estabelecimento de metas para o paciente e sua(seu) parceira(o). O foco da terapia sexual não deve ser só a melhora do desempenho, mas conforto sexual e prazer.
E os jovens, por que eles tem disfunção erétil?
Antes de seguir nas linhas gerais do tratamento, gostaria nesse ponto, parar um pouco e falar especificamente dos jovens. Neles, boa parte dos fatores de risco discutidos estão ausentes. Em contraste, insegurança, medo de falhar e autoimagem negativa podem ser vistas como causas significativas. O problema pode também advir de algum conflito relacionado à orientação ou à identidade sexual. Nessas circunstâncias, o jovem libera altas concentrações de adrenalina na circulação, o que prejudica o enchimento dos corpos cavernosos do pênis, e assim apresenta dificuldade de ereção. Uma vez deflagrada a disfunção, a continuação e o agravamento dependem de fatores emocionais: autoestima abalada aumenta a fragilidade e a falta de confiança na recuperação e no desempenho.
Inegavelmente, o que coloquei acima são os pontos mais importantes do tratamento, contudo, dificilmente os pacientes se empenham em fazê-lo. E não estou julgando as pessoas por isso. Mudar o estilo de vida, cuidar das doenças existentes, aceitar que precisa tratamento psicológico e procura-lo é um desafio a todos nós.
Enfim, encerro o post por aqui. Certamente na próxima semana falarei sobre as medicações utilizadas no tratamento da importância. Em caso de dúvidas entre em contato. Até lá.
1 comentário
Impotência: medicações e cirurgias | Urologista - Dr. Tiago Aguiar · 30 de julho de 2019 às 07:12
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