Antes de iniciar o post sobre a abordagem da HBP no consultório, vamos recapitular um pouco o assunto. Conforme discutimos em um post anterior, o Câncer de Próstata não é a única doença a acometer esse órgão. Falamos sobre a HBP: um aumento prostático que não é câncer e não aumenta a chance dele ocorrer. Entretanto, esse crescimento pode levar ao surgimento do que chamamos de sintomas do trato urinário inferior: LUTS (Lower urinary tract symptoms). Conversamos a respeito da próstata e sua relação com os sintomas. Agora vamos entender a propedêutica do urologista a fim de ajudar o paciente com Hiperplasia Benigna da Próstata

Abordagem da HBP: O que o paciente nos conta?

Primeiramente os LUTS – sintomas do trato urinário inferior (clique aqui para ver os sintomas mencionados no post anterior). Mas não somente a presença dos sintomas nos interessa. A intensidade e a frequência também são importantes, além do impacto na qualidade de vida. Mais que isso: as comunidades urológicas padronizaram um questionário sobre os LUTS e assim é possível fazer estudos, além de proporcionar uma forma mais objetiva de acompanha-los.

Abordagem da HBP

Esse questionário é o IPSS: International Prostate Symptom Score ou Escore Internacional de Sintomas Prostáticos. São 7 perguntas, uma para cada sintoma, graduadas de 0-5 conforme a frequência e uma pergunta adicional sobre a qualidade de vida. Assim, obtemos um escore de 0-35. Com essa nota, ainda, classificamos os sintomas como leves (0-7), moderados (8-19) ou graves (20-35). Destarte as orientações dos guidelines nacionais e internacionais levam em consideração esse escore para propor tratamentos.

Ademais, gostaria de chamar atenção para mais dois pontos. Primeiramente, existem muitas outras condições que podem levar ao aparecimento dos LUTS, entre elas:

  • Cálculos ureterais distais.
  • Estenose de uretra.
  • Tumores vesicais.
  • Bexiga hiperativa.
  • Hipocontratilidade detrusora.
  • Síndrome da dor pélvica crônica.
  • Bexiga neurogênica.
  • Infecções urinárias.
  • Corpos estranhos.

Portanto o urologista também deve estar atento a outras doenças na abordagem da HBP.

Em segundo lugar, lembro que os LUTS são divididos em sintomas de esvaziamento e armazenamento. Assim o tratamento pode ser direcionado a depender de quais sintomas predominam.

Abordagem da HBP: O que o urologista vê no consultório?

Ressalto que examinar o paciente é importante. Atenção deve ser dada ao abdome inferior e genitália. A finalidade é avaliar a bexiga e se há possibilidade de outras doenças na região. Por último, é fortemente recomendado o exame prostático por toque retal na abordagem da HBP. Além da possibilidade da detecção de nódulos, o que chamaria a atenção para o câncer de próstata, é possível ainda avaliar o tamanho da próstata. O volume prostático pode ter importância na escolha do tratamento adequado para o problema.

Abordagem da HBP - toque retal

Exames complementares na abordagem da HBP

Após avaliar o paciente no consultório, o urologista muitas vezes recorre a exames laboratoriais e de imagem. Assim, pode ter mais informações sobre o paciente e tomar uma decisão mais acertada.

Exame de Urina

O exame de Urina I é amplamente acessível e barato. Na abordagem da HBP pode fornecer dados como presença de proteína, sangue e glicose na urina e, ademais, avaliar a possibilidade de infecção urinária.

PSA

Dedicamos um post a falar sobre o PSA e sua relação com o câncer de próstata. Entretanto, qual o seu papel na Hiperplasia Benigna da Próstata?

O PSA, ou antígeno prostático específico, é produzido pela próstata. Assim um volume aumentado da próstata, via de regra, leva a níveis aumentados de PSA. Assim essa substância pode nos contar sobre o tamanho e crescimento da próstata. Ressalto, contudo, outras causas de aumento de PSA: câncer de próstata, infecções urinárias, prostatites, colocação de sonda na bexiga, falta de orientações ou de seguir as orientações antes da coleta (não andar a cavalo, bicicleta ou praticar relações sexuais alguns dias antes).

Urofluxometria

A urofluxometria é um exame rápido, não invasivo e que fornece informações objetivas sobre a micção do paciente. Nesse exame o paciente urina em um recipiente e, através de sensores, um gráfico é construído com informações sobre o jato urinário. Portanto ele deve ser considerado na abordagem inicial da HBP e, sobretudo, antes de iniciar algum tratamento medicamentoso ou cirúrgico.

Ultrassonografia da Próstata, Rins e Vias Urinárias.

A ultrassonografia é um exame valioso, sobretudo quando o paciente apresenta-se com queixas significativas pela HBP. O US destarte pode contar-nos informações sobre a próstata, a bexiga e os rins.

Em primeiro lugar, o paciente com Hiperplasia de Próstata não apresenta risco aumentado de alterações nos rins ou vias urinárias altas. O US dos rins e vias urinárias presta-se portanto, para avaliar hematúria (sangue na urina), suspeita de litíase ou quando após a micção o paciente apresenta resíduo vesical elevado, ou seja, após urinar, ainda sobra muita urina na bexiga. Nessa última situação sim, pode haver risco de dano para os rins.

Em segundo lugar, a HBP pode levar a alterações na bexiga, sobretudo seu espessamento. O detrusor é o músculo que faz a bexiga contrair. Ele tende a ficar cada vez mais hipertrofiado conforme tenha que fazer mais força para vencer a resistência imposta pela próstata à micção. Além disso, a próstata muitas vezes pode protruir-se para dentro da bexiga. Esses dois dados: protrusão próstática intravesical e espessamento do detrusor, são sinais indiretos de uma obstrução significativa da uretra pela próstata.

abordagem da hbp
abordagem da hbp

Por último, um dado valioso é o tamanho da próstata. Para esse fim, a via transretal é mais precisa que a via abdominal para mensuração. Entretanto, devido ao desconforto do US transretal, via de regra utilizamos a via abdominal para medir a próstata. É interessante ressaltar que o exame de toque tem baixa precisão para estimar o volume de próstatas acima de 30mL. Assim sendo, em algumas situações para determinar o melhor tratamento medicamentoso e com forte recomendação antes do tratamento cirúrgico, o volume da próstata deverá ser medido pela ultrassonografia.

Outros Exames

Existem outros exames utilizados para a avaliação dos LUTS, mas com indicações mais específicas. Entre eles uretrocistografia, avaliação urodinâmica, videourodinâmica, estudo fluxo/pressão não invasivo e uretrocistoscopia. No entanto, falarei sobre eles em posts especificos para não me alongar.

Espero enfim, que possa ter demonstrado algumas das ferramentas utilizadas pelos urologistas na abordagem da HBP. Embora seja um problema complexo e com muitas nuances, nós do IUP convivemos com a Hiperplasia de Próstata diariamente. Assim, conte conosco para ajudá-lo.

Por último, lembro que a Hiperplasia Benigna da Próstata é um assunto extenso. Embora queira, não pude iniciar a discussão sobre o tratamento. Deste modo voltarei em breve para abordar mudanças de estilo de vida, quais medicações podem ser utilizadas, como elas atuam e sobre as cirurgias disponíveis no tratamento da HBP.

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1 comentário

Royal CBD · 1 de agosto de 2020 às 15:11

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