“Estou com a testosterona baixa” é uma queixa freqüente e crescente no consultório, embora nem sempre esteja correta. Os níveis diminuídos de testosterona podem levar a uma série de sinais e sintomas, como por exemplo, disfunção erétil e diminuição do desejo sexual. Por isso, muitos homens procuram o urologista por acreditarem que seu problema é a diminuição da testosterona. Contudo isso nem sempre é verdadeiro.
Como tratei no texto Impotência Sexual e o Iceberg, a disfunção erétil é multifatorial. Assim sendo, etiologias circulatórias, metabólicas, neurológicas, hormonais, medicamentosas e psicológicas podem estar envolvidas. A testosterona, então, é uma pequena parte que pode contribuir na disfunção erétil.

Do mesmo modo, a diminuição do desejo sexual também tem relação com diferentes etiologias. Entre elas: depressão, estresse pós-traumático, insuficiência renal, doença coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico, DSTs e AIDS, transtornos alimentares, disfunção erétil, parceira disfuncional, conflitos do casal, medicamentos e alterações hormonais. Portanto, o raciocínio linear que a diminuição do desejo sexual e a disfunção erétil são sinônimas de níveis baixos de testosterona, é equivocado.
Distúrbio Androgênico de Envelhecimento Masculino: DAEM
Embora sujeitos de todas as idades procurem o urologista para saber sobre sua testosterona, os pacientes que mais buscam informações sobre seu status hormonal são os de meia idade e idosos. Certamente isso tem um porquê. Todos nós envelhecemos, pelo menos por enquanto. Destarte, existem mudanças em nosso organismo que são graduais, mas em algum momento são perceptíveis, entre elas a disposição para relações sexuais. Com efeito, o desejo sexual é diferente e as ereções não são iguais quando comparamos homens com mais idade e os jovens. O urologista poderá avaliar e orientar o que faz parte do nosso envelhecimento normal e o que pode eventualmente estar fora do esperado.
DAEM ou Distúrbio Androgênico de Envelhecimento Masculino é uma síndrome clínica e bioquímica associada com o envelhecimento masculino não saudável. Caracteriza-se por sinais e sintomas em múltiplos órgãos, além de impacto negativo na qualidade de vida, decorrentes da diminuição dos níveis séricos de testosterona.
A Testosterona ao Longo da Vida
O homem que envelhece de modo saudável tem um declínio natural da testosterona conforme os anos passam – cerca de 1-2% ao ano. Essa queda nos níveis do hormônio, não é o responsável por piora em sua qualidade de vida sexual. Há um pico da testosterona ao redor dos 20 anos de idade e uma diminuição de sua concentração ao longo da vida. Desta forma, o homem idoso chega a ter seus níveis de testosterona próximos aos 300ng/dL.

Testosterona Baixa – O que acontece?
Decerto existe uma relação entre níveis de testosterona e sintomas. Conforme a concentração diminui, os sintomas aparecem:

Testosterona baixa contudo, não tem relação apenas com desempenho sexual. Os testículos diminuem de tamanho, pode haver crescimento da mama (ginecomastia), há perda de massa muscular e diminuição de pêlos.
Ressalto a associação com obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e sedentarismo. Falo em associação e, não em causa ou efeito, pois há um ciclo vicioso. De tal forma, as doenças acima levam a baixa testosterona e essa por sua vez, leva ou piora as primeiras condições.

Destaco ainda que sintomas cognitivos e psico-vegetativos podem ter relação com a queda da testosterona. São eles: ondas de calor, alteração no humor, fadiga, irritação, distúrbios no sono, depressão e diminuição da capacidade cognitiva.
Há ainda diminuição da densidade mineral óssea/osteoporose, e assim, fraturas ocorrem com traumas de pequena intensidade. Acredita-se que até um terço dos idosos tem anemia sem uma explicação clara. Nesse ínterim, dados observacionais sugerem relação entre níveis baixos de testosterona e anemia.
Quais então são os sinais de alerta para Testosterona Baixa?
Primeiramente ter os sinais de alerta não implica necessariamente em declínio da testosterona. Assim, a presença deles, deve levar o paciente ou profissional da saúde a buscarem outros comemorativos clínicos. Ademais a dosagem de testosterona deve ser considerada.

São eles:
- Disfunção Sexual;
- Obesidade, Diabetes Mellitus tipo 2 e Síndrome Metabólica;
- Doenças da região hipotálamo-hipofisária, inclusive após tratamento com radioterapia;
- Uso de crônico de medicações que podem afetar a fisiologia normal da testosterona;
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) moderada e severa;
- Infertilidade;
- Osteoporose ou fraturas com traumas de pequeno impacto;
- Pacientes com HIV e sarcopenia (perda de massa muscular).
Na região hipotálamo-hipofisária há produção e hormônios como GnRH, LH, FSH e prolactina que estão envolvidos na regulação da testosterona, pois isso a atenção para doenças nessa região.
Destaco algumas medicações que podem levar ao hipogonadismo: diuréticos tiazídicos, antiandogênicos, agonistas e antagosnistas do GnRH, betabloqueadores, medicações dopaminérgicas (risperidona, imipramina e metaclopramida), corticóides e opiáceos. Drogas como álcool, tabaco e maconha também estão implicados. Uso prévio de anabolizantes deve ser lembrado como fator de risco da mesma maneira.
Em síntese a diminuição da testosterona é um fenômeno complexo. Suas causas são muitas e seus efeitos em nosso organismo envolvem múltiplos órgãos. Ela tem relações com alguns problemas como obesidade, síndrome metabólica e sedentarismo que gera um ciclo vicioso. Com efeito, vamos digerir essas informações. Futuramente falarei um pouco mais da abordagem e enfim do tratamento. Por último, se os sinais de alerta chamaram sua atenção, não deixe de procurar seu urologista no IUP e receber uma atenção integral a seus problemas.
1 comentário
Carlos Popadiuk · 5 de agosto de 2020 às 07:41
Qual o tipo de tratamento possa fazer para aumentar a testosterona?