Embora nos esforcemos para detectar precocemente o câncer de próstata, nem sempre conseguimos. Assim, em até 20 % dos casos, o diagnóstico é feito com o câncer de próstata em estágios avançados. Ademais, gostaria de listar mais alguns dados:
- Quando os sintomas da doença aparecem, é provável que o câncer não seja mais uma doença inicial – 95% das vezes
- Desde que o diagnóstico seja feito em fases iniciais, a chance de cura para o câncer de próstata é cerca de 90%.
Contudo o que consideramos estágios avançados?
- Tumores que já se espalharam, ou seja, não estão mais somente na próstata.
- Casos de diagnóstico precoce, submetidos a tratamentos curativos, mas que posteriormente voltaram.
Câncer de Próstata em estágio avançado tem tratamento?
Uma vez diagnosticado o câncer de próstata em estágios avançados, devemos tratá-la em conformidade com sua condição. Para isso dispomos ainda de um arsenal a fim de deixar o problema sob controle. A Dra. Katia Cristina Fitas Loureiro e a Dra. Ana Lúcia Leistnner, oncologistas clínicas do CECAN – Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, discorrerão um pouco sobre o tema.

Quais as opções de tratamento para o Câncer de Próstata em estágios avançados?
Primeiramente a Dra. Katia destaca que câncer de próstata tem como o principal “alimento” o hormônio masculino testosterona. Nesse sentido, o bloqueio androgênico central para redução da testosterona, com injeções subcutâneas/intramusculares ou cirurgia, é o tratamento inicial de escolha para o câncer de próstata em estágio avançado ou metastático. Ele é eficaz em 90% dos casos.

Entretanto, existem situações em que as células tumorais tornam-se resistentes ao bloqueio androgênico. Então podemos indicar uma nova linha de tratamento hormonal por via oral: drogas como Abiraterona e Enzalutamida. A quimioterapia também é tratamento nessa situação. Decerto o Docetaxel é o quimioterápico mais utilizado em primeira linha.
Além disso, para pacientes com metástases ósseas, existem medicações específicas que auxiliam na prevenção de fraturas ósseas e compressão nervosa. Com esse fim, o ácido zoledrônico é o mais utilizado.

Quando considero que o Tumor voltou, após um tratamento com intenção curativa?
Em segundo lugar, a Dra. Ana Lúcia explica o que é recorrência do Câncer Prostático: “Consideramos recorrência ou recidiva bioquímica da neoplasia de próstata quando o PSA começa a elevar-se após tratamento inicial: prostatectomia radical ou radioterapia”.

Ao propósito de ser mais específica, a Dra. Ana Lúcia comenta que a recorrência bioquímica, após uma prostatectomia radical, ocorre quando o PSA é maior ou igual a 0,2ng/ml, confirmada após duas coletas. Similarmente, após radioterapia, é definida como aumento do PSA maior ou igual a 2ng/ml após atingir seu nadir (menor valor do PSA após o tratamento). Outro critério, utilizado pela ASTRO (American Society of Radiology Oncology), é definido como três aumentos consecutivos de PSA, após esse atingir seu nadir.
O estadiamento para estes casos, contudo, não tem padrão definido, segundo a Dra. Ana Lúcia. Assim ele pode ser feito com toque retal, ultrassonografia transretal e/ou ressonância magnética de próstata. A cintilografia óssea está indicada em paciente com PSA maior ou igual a 10 ng/ml ou quando há dor óssea independente do nível de PSA. Um novo exame surgiu nos últimos anos e pode ser utilizado também nessa situação é o PET/CT com PSMA

Como é o tratamento quando o Câncer de Próstata volta?
A recorrência bioquímica geralmente é tratada com terapia hormonal, sob o mesmo ponto de vista citado pela Dra. Katia: a testosterona como “alimento” para o tumor.

Em suma, para o tratamento nos pacientes com recorrência bioquímica após prostatectomia, geralmente utilizamos a radioterapia com ou sem terapia hormonal associada. Já nos pacientes tratados primeiramente com radioterapia externa, normalmente usamos terapia hormonal. Porém, destaca a Dra. Ana Lúcia, a escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada.
Câncer de Próstata em estágios avançados – uma doença multidisciplinar

Para finalizar, gostaria de agradecer imensamente a colaboração da Dra. Katia Cristina Fitas Loureiro e da Dra. Ana Lúcia Leistnner pelas valiosas informações. Elas também concluem: “O câncer de próstata é uma doença complexa e o tratamento necessita ser individualizado e acompanhado por equipe médica multidisciplinar (urologista, oncologista e radioterapeuta) com o objetivo de oferecer ao paciente a melhor abordagem terapêutica”. Assim sendo, o IUP e o CECAN seguem em parceria para sempre oferecer o tratamento mais adequado aos pacientes com câncer de próstata.

1 comentário
Radioterapia e Câncer de Próstata | Urologista - Dr. Tiago Aguiar · 6 de novembro de 2019 às 13:35
[…] quando o tratamento com cirurgia falha, conforme discutido no texto sobre Câncer de Próstata em Estágios Avançado, ainda sim temos alternativas. Nesse interim a radioterapia pode tentar resgatar a cura […]